Inegavelmente, um dos setores fundamentais na economia brasileira é também um dos mais perigosos para a preservação do planeta: a construção civil.
O Conselho Internacional da Construção (CIB) aponta hoje como o setor que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva. De acordo com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura (IBDA), aproximadamente 35% de todos os materiais extraídos da natureza anualmente são utilizados pela construção civil.
Na construção civil, há aqueles impactos associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, mais de 50% dos resíduos sólidos originados de atividades humanas são provenientes da construção civil. Só no Brasil, a construção é responsável por cerca de 25% do total de resíduos da indústria.
Na busca por minimizar os impactos ambientais provocados, surge o paradigma da Construção Sustentável.
Construção Sustentável
Dentro do conceito de construção sustentável, engenheiros civis e arquitetos procuram usar tecnologias ecológicas nas obras para preservar o meio ambiente e poupar recursos naturais. São projetos inteligentes, que aproveitam melhor as características do terreno e da natureza, como por exemplo, iluminação solar; redução de poluição; redução de desperdícios e a substituição dos tradicionais andaimes de madeira pelos de metal reutilizáveis.
Para o arquiteto Miguel Teixeira Gomes Pacheco, “A redução de consumo e desperdício de material na obra pode ser alcançado por melhores práticas de projeto e construção, investimento e uso de materiais reciclados, como a utilização de construção seca, enxuta, modular e automatizada, crescente aplicação da filosofia berço a berço no projeto de produtos. Também a redução do consumo de energia dos edifícios pode ser feita pela busca contínua de implantação de medidas de eficiência energética e implantação de sistemas de geração renovável de energia nos edifícios”, afirma.
Mas a consciência ambiental precisa vir de todos os lados. Indústria, fornecedores e consumidores. É o chamado “tripé da sustentabilidade”.
Vale citarmos que por mais que algumas soluções pareçam mais caras, é preciso entender que “Raramente, um projeto mais sustentável é particularmente mais caro que a média do mercado. Os poucos casos em que isso acontece, tem mais a ver com um projeto de má qualidade que uma decorrência de maior sustentabilidade. […] Um edifício projetado para reduzir impacto ambiental, […] torna-se mais barato ao longo do ciclo operacional […]. Nos Estados Unidos, edifícios com sistema fotovoltaico que geram a sua própria eletricidade, vendem com um preço maior que a média do mercado e vendem mais rápido”, exemplifica Pacheco.
Prédios Verdes
Recentemente, o governo chinês definiu metas arrojadas para a expansão do número de projetos sustentáveis na construção civil. Uma das metas é que, nos próximos 5 anos, 50% de todos os edifícios urbanos tenham certificação verde. Para a obtenção da certificação verde uma série de compromissos com a sustentabilidade precisam ser atendidos, especialmente os referentes aos itens oito e nove do conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos em 2015 no âmbito da ONU.
“Devemos ter em conta que os […] impactos negativos acontecem quando não se tem uma política de condução adequada de um crescimento sustentado”, opina o presidente do Sinduscon Oeste Chapecó, Luiz Alberto Paludo.
Um exemplo de preocupação com os impactos gerados pelas suas obras é o Grupo Nostra Casa, que há 39 anos atua em Chapecó.
A empresa possui o selo Green Building Council Brasil, pelas práticas aplicadas à responsabilidade sustentável em seus empreendimentos. “Nos últimos 5 anos, nos posicionamos mais forte na parte ambiental, especialmente no que diz respeito à desperdícios na obra e consequentemente geração de resíduos. […] É uma questão ambiental e econômica. […] Às vezes, essa consciência pode custar mais caro, mas existem soluções muito práticas e bem acessíveis”, explica a diretora da Construtora Nostra Casa, a arquiteta Monyk Dávi.
Os edifícios da construtora já são concebidos para gerar um menor impacto ambiental, tanto na obra quanto, posteriormente, no condomínio. Reaproveitamento da água da chuva, jardins verticais com conforto térmico, sistemas de aquecimento de água compartilhado, lâmpadas de baixo consumo e energia fotovoltaica são algumas das práticas em vários empreendimentos do grupo.
Agora, com a construção do Edifício Onno, a Nostra Casa demonstra o quanto um conceito pode carregar soluções de sustentabilidade. “Cada vez mais os espaços privativos são menores e a área comum tem que oferecer mais opções. E sempre há a vontade de alterar o apartamento para adaptá-lo ao projeto arquitetônico do gosto do cliente. Às vezes, quando a obra já está pronta, é preciso quebrar e construir novamente. Tudo isso gera custos e entulhos desnecessários […]. Por isso, pensamos em fazer o Edifício Onno com o conceito de planta aberta, para que cada proprietário possa criar o ambiente como desejar”, conta Monyk.
Para possibilitar a planta aberta, o engenheiro civil responsável pelo prédio, Gustavo Di Domenico, utilizou concreto armado e protendido na forma estrutural do edifício, aumentando os espaços de circulação, para que internamente não possua vigas ou pilares, possibilitando que seja feito o projeto arquitetônico do modo que o cliente desejar.
“Além de ser ambientalmente correto, gera redução de custos para o cliente. Ao utilizar o aquecimento de água central, não é preciso deixar a água escorrer pela torneira até esquentar, como no sistema individual de gás. Isso resulta tanto na economia do recurso natural, quanto na fatura do condomínio, com a diminuição do uso de gás. Há também a utilização de placas solares para auxiliar na geração de energia […]. No Onno, queremos instigar as pessoas a socializarem, portanto, o edifício terá três salões de festas, com temas diferentes, todos mobiliados, piscina, academia e spa. O grande diferencial das áreas comuns é a lavanderia compartilhada, um sistema muito prático, idealizado em moldes internacionais, que traz praticidade, comodidade e redução de custo, ampliando o espaço no apartamento”, esclarece o arquiteto do Grupo, responsável pelo projeto, Elton Karlo Damaceno.
O projeto Onno Studio Home rendeu no Grupo Nostra Casa o Prêmio TOP de Marketing e Vendas 2018 da Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina (ADVB SC). Isso demonstra que além dos benefícios sociais e ambientais, as construções sustentáveis são consideradas um melhor modelo de negócio no segmento imobiliário, agregando valor ao imóvel e promovendo economias nos custos operacionais das edificações.